Pesquisar este blog

Páginas

domingo, 25 de abril de 2010

Geração Cibernética



Tem sido cada vez mais comum na prática clínica, pais que procuram ajuda psicológica para seus filhos que possuem comportamento anti-social e de isolamento diante de tudo o que os cerca. Tais jovens, na faixa que compreende aproximadamente a idade dos 14 aos 21 anos apresentam determinadas características em comum, tais como: excessiva racionalização, ou seja, tudo é compreendido exclusivamente pelo foco da mente, não deixando espaço para a apreensão das emoções. A mente adquire um status bem acima do que à mesma poderia ou deveria ter. Tudo o que não é objetivo e lógico, decaí a um valor diminuto. Outra característica muito evidente nesses casos é a dificuldade de se relacionar com seus semelhantes e pares. Isto chega a ser compreensível dentro desse perfil, uma vez que as emoções ficam engessadas dentro do próprio jovem e o mesmo não sabe como criar (e muitas vezes, por não saber lidar com elas, não quer criar) espaço para que isso floresça e se aprofunde nesses conteúdos emocionais. Simplesmente, os jovens passam a ignorar o valor das emoções gerando ansiedade e angústia dentro de si como se fosse uma bomba-relógio. Alguns chegam até a somatizar apresentando distúrbios físicos, como por exemplo, problemas estomacais, insônia e de pele estão entre os sintomas mais comuns. Muitas vezes, esses jovens podem ter a falsa idéia que na medida em que ele nega a emoção, ela não o incomodará mais. Isso acaba reforçando, a idéia de uma mente poderosa e racional, que só pode compreender aquilo que ela registra. O que é negado, não é registrado, porém também não é compreendido. O que resta para esse jovem é o isolamento, pois assim acredita que não será “testado” naquilo que não sabe enfrentar. Com o tempo, vão ficando horas e horas em seus quartos em companhia do computador transitando somente pelos relacionamentos virtuais e pouco aprofundados. Vão criando aversão a qualquer tipo de vínculo afetivo. Aos poucos, vão demonstrando pouca emoção (o que não significa que eles não as sintam) manifestando em seu corpo, pouca vitalidade e entusiasmo pelas coisas mais corriqueiras da vida como: estudar, sair com os amigos, praticar esportes ou até mesmo namorar. Isto acaba por trazer algumas complicações, como por exemplo, o de adiar, esquecer ou não assumir as mais simples responsabilidades.
Atitudes permissivas vêm permeando nossa literatura, nossos meios de comunicação e filosofias educacionais passando a idéia para os pais de que, na criação dos filhos, deve-se evitar o uso da autoridade e da punição. Porém, se não lidamos com o bom senso das situações, os pais podem “perder o controle” e promoverem o desenvolvimento da irresponsabilidade em seus filhos. De tal maneira, que o jovem acredita que as regras e os deveres não são aplicados a ele.
Quando tal irresponsabilidade segue sem ser questionada, os jovens deixam de aprender hábitos básicos relativos ao cuidado de si próprios. Isto afetará o seu maior ou menor grau de maturidade diante da vida.
Além de todos esses aspectos relatados acima, o jovem com esse perfil ainda apresenta uma acentuada falta de fé na vida. Deixando aparentar um forte ceticismo com relação à espiritualidade. Entendemos aqui como espiritualidade tudo aquilo que nos conecta com a Energia Divina independente da escolha religiosa de cada um.
O jovem fica desguarnecido, então, de esperança, fé e iniciativa podendo em alguns casos, ser alvo fácil do descaminho.
Muitos deles chegam ao consultório do psicólogo, trazidos pelos pais que anseiam por transformações em seu comportamento. Apesar do agravamento da situação, o jovem deve querer e permitir passar pelo processo junto com os pais e o profissional que o acompanha. Não existe mudança se as pessoas não estiverem envolvidas com o seu crescimento pessoal.
Além do acompanhamento psicoterapêutico, os pais devem estreitar as relações com seus filhos, primando pela qualidade de presença. Se você está com seu filho, dê-lhe atenção, escute suas necessidades, o que ele fala ou como fala, converse com ele expondo também suas dificuldades, preocupações e anseios, seja você!
Dê limites quando necessário, e acorde com ele responsabilidades, onde ele terá prazo para realizá-las, envolva seu filho em afazeres de casa, tais como: levar o lixo para fora de casa, arrumar sua cama, lavar louça, etc. Faça um rodízio dessas atividades com os outros da casa.
Manifeste corporalmente carinho a seu filho: abraçar, beijar, fazer carinho em sua cabeça, gestos que aproximam e valorizam a relação.
Ele deve saber que tudo na vida é feito de direitos e de deveres. E que os deveres podem ser realizados com bom humor.
Os pais devem se interessar pelos gostos e habilidades de seus filhos e muitas vezes, integrar seus amigos em sua casa, para assistir um jogo de futebol ou um filme, enfim, algo que seja importante para ele.
Além disso, despertar em seus filhos desde muito jovem, os valores religiosos, quaisquer que sejam eles. Entendendo que essa premissa é a base para todas as nossas conquistas na vida.