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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os aspectos psicológicos dos pés e a Calatonia



A saúde de nosso corpo interior pode determinar como estamos em relação a nossa base postural, o plano do chão (Ground). Se enquanto estamos de pé permitimo-nos relaxar e deixar nosso corpo inteiro em contato com o campo energético do chão, experienciamos uma sensação de solidez e integração. Estamos com os pés no chão, em contato com a realidade do nosso ser no tempo e espaço.
Outros indivíduos, ao contrário, permanecem inflexíveis em relação às forças da vida, que seria melhor contatada se este pudesse relaxar. Estas pessoas permanecem em trabalhos insuportáveis ou relações amorosas desastrosas, apesar de estarem se destruindo. Tal indivíduo está paralisado e com dores crônicas. Seu contato com o chão e a realidade é tão incerto, que se permitir fluir poderia provocar pânico de não saber como se reorientar. Assim em estado de desespero, ele resolve “tencionar-se” (Não há quase limite para a dor necessária ao amadurecimento do corpo), sobrecarregado com os ombros largos, arredondados, cabeça caída em direção ao peito, pélvis imobilizada, joelhos rigidamente tencionados, com pernas e pés fortemente contraídos.
A situação parece-se com a de uma pessoa andando sobre patins. Ao invés de relaxar e ganhar contato com o chão, o medo físico e emocional é maior e obriga a pessoa a contrair-se ainda mais.
Agora olhe para os seus pés. Olhe sua forma. O que eles sentem? Qual é a temperatura dos seus pés? Eles trazem algum prazer ou apenas sensação de dor? Você cuida de seus pés? Do que eles gostam?
Em termos psicológicos, os pés são de importância vital porque é o contato com a realidade, o chão e a força de gravidade. Fisicamente, um desbalanceamento nos pés prejudica toda a estrutura corporal. Os pés indicam a postura e a atitude crônica que uma pessoa necessita assumir de maneira a confrontar os desafios de sua vida. Indivíduos com “os pés no chão” possuem bom senso de realidade. Indivíduos com
“cabeça na lua” não possuem bom contato com a realidade.
Observação: Quando digo realidade me refiro tanto à externa (os fatos vividos por todos) quanto à interna (percepção que o indivíduo tem a respeito de suas emoções, sentimentos e pensamentos).


Tipos estruturais de pés

Pés saudáveis são como plataformas com três distintos pontos de contato com a terra e um arco metatársico adequado. Nosso pé é um tripé e se destaca pela estabilidade e pela elasticidade.

Pés chatos ou pés alargados

O achatamento do arco metatársico retira um dos pontos de apoio e reduz o contato com o solo a dois pontos. As pessoas que tem pés chatos deslizam por aí quase como se estivessem com patins de gelo, sem encontrar estabilidade ou consistência. Isso muitas vezes se reflete em uma vida sem compromissos, à qual falta o enraizamento. Devido a esse modo de vida infundado, eles não gostam de se comprometer ou de se assentar-se. Esse tipo de pessoa escorrega, desliza sobre a superfície da terra, não colocando raízes em lugar nenhum. Uma pessoa assim terá dificuldades em manter uma constância quanto a outras pessoas e responsabilidades, sendo motivada a se pôr em movimento por uma necessidade nervosa, ao invés de sê-lo por um motivo específico.
Pés Pesados

Pessoas com esse tipo de pé desenvolveram um estilo de vida e um sistema psicológico que as obrigaram a por peso nos pés. Há uma necessidade de estar com os pés no chão, estável, de conhecer a posição na vida. Elas acentuam sua posição mais do que o necessário e também mal erguem os pés do chão ao andar. Apresentam dificuldades de mudanças e movimentos e são usualmente mais conservadoras que criativas. Onde os pés chatos têm algo de inconstante, nos pesados tudo permanece quieto. É uma vida que se limita somente ao chão dos fatos podendo se tornar bastante aborrecida.

Andar na ponta dos pés

Esses tipos de pessoas flutuam pelo mundo e especialmente pelo mundo dos sonhos nas pontas dos pés, como se quisessem se colocar acima das depressões da terra. Não há quase nenhum contato com o chão. Em vez de sentido de realidade, elas cultivam a fantasia. Elas optaram pelas alturas deixando a profundidade para os que têm pés pesados. São indivíduos sonhadores, altamente criativos e imaginativos com habilidades artísticas.

Pés em forma de garra ou comprimidos

Os dedos curvados como garras buscam apoio convulsivamente. Tais pés falam de uma existência ameaçada, um forte desejo de encontrar paragem e de não ceder. Na maioria dos casos, a tensão nos pés está relacionada a uma crise emocional não resolvida, que envolveu a possibilidade de movimento ou de corrida (escapar). Se esse impulso não foi realizado, os músculos dos pés registraram o enrijecimento e distorção dos músculos dos pés, localizando o conflito nos tecidos. Os “agarradores” têm músculos frequentemente tensos na parte de trás do corpo, especialmente na barriga das pernas e região lombar das costas, partes essas associadas a uma necessidade excessivamente desenvolvida de reter e de proteger-se.

Peso nos calcanhares

Uma inclinação extrema para trás indica um recuo diante da vida. Aparentemente, este tipo de postura sugere uma falsa sensação de estabilidade. No fundo indicam postura de medo e instabilidade. Um leve vento lateral já é suficiente para levantá-los pelos pés.

Pés abertos (apontados para fora):

Pessoas que ficam com os pés apontados para fora, indicam predominância de energia yang; são dominadoras e possessivas, têm identificação com o sucesso, segurança, ousadia, iniciativa própria, realização, egocentrismo, auto-suficiência e independência emocional.

Pés paralelos:

Pessoas com os pés paralelos, estão em equilíbrio e estabilidade, tem direcionamento (sem desvios significativos) rumo às metas e aos objetivos.


Pés invertidos para dentro:
Pessoas que ficam paradas com os pés apontados para dentro, são pessoas com predominância de energia yin, indicando submissão, insegurança, carência afetiva, falta de iniciativa, acomodação e identificação com o fracasso, tendência a ser dominado e conquistado, fraco emocionalmente e sem força de vontade.


Calatonia
É uma técnica de relaxamento profundo que leva à regulação do tônus vital promovendo o reequilíbrio físico e psíquico do paciente. A calatonia baseia sua atuação na “sensibilidade táctil”, através da aplicação de estímulos suaves, conhecidos como toques sutis, em várias áreas do corpo onde se verifica especial concentração de receptores nervosos. O toque na pele reage diretamente no funcionamento do sistema nervoso. A técnica foi criada por Pethó Sándor, um médico húngaro que trabalhava no Hospital da Cruz Vermelha durante a Segunda Guerra Mundial. Dadas as condições precárias geradas pela guerra, os recursos médicos existentes eram de pouca ajuda para os pacientes. Sandor cuidava, na época, dos mais diversos traumatismos. A técnica foi criada com o intuito de diminuir as queixas dos pacientes na fase pós - operatória desde membros-fantasmas até depressões. Posteriormente, Sandor radicou-se no Brasil desde 1949 até seu falecimento em 1992. Aqui desenvolveu trabalhos clínicos e de pesquisa iniciados ainda na Europa na época do pós-guerra.
É um método simples no que se refere à aplicação, porém, de longo alcance e de muita profundidade. Calatonia vem da palavra grega “KHALAÓ”, que significa relaxamento para alimentar-se, afastar-se da ira, desatar as amarras, deixar ir, abrir as portas.
A princípio, todos podem se beneficiar dessa técnica, contudo, em determinadas condições, é necessário que os profissionais acompanhem o estado clínico do paciente. Durante o atendimento, o profissional se utiliza de uma ficha de anamnese (pesquisa da história de vida do paciente) em forma de questionário, para obter mais dados e informações do paciente.
Indicações da calatonia: insônia, estresse e irritabilidade, hipertensão, enxaqueca, asma, obesidade, distúrbios glandulares, na reabilitação de membros fraturados, entorses e luxações, dor fantasma em membros amputados, dor ciática, bursite, problemas de articulações nos dedos.
Contra-indicações: gestantes, pessoas que estejam consumindo drogas, esquizofrenia.
Acredito que pela experiência enquanto psicóloga com a técnica, digo que a calatonia pode promover a alteração do estado de consciência nas pessoas, fazendo-as enxergar além. Não é raro, pacientes relatarem que durante a técnica tiveram “insights” a respeito do momento emocional que estavam vivendo, por exemplo.
Nessa medida, a calatonia é um importante recurso na busca do autoconhecimento facilitando a autodescoberta do indivíduo bem como sua evolução pessoal.

Rosemeire Trindade Menoita – psicóloga responsável do Espaço Reluz.