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terça-feira, 20 de julho de 2010

Os nossos processos de auto-sabotagem

Sabotagem significa todoa a ação que visa prejudicar alguém. Sua origem vem da França, onde a palavra "sabot", quer dizer tamanco. Antigamente, os operários trabalhavam usando tamancos. Nos protestos contra o padrão, jogavam os tamancos sobre as máquinas para danificá-las, daí o termo ficou conhecido com o seu significado atual.
Muito embora, aqui nesse texto, esse prejuízo não diz respeito a outrem. Auto-sabotagem significa o mal ou o prejuízo que fazemos a nós mesmos.
Para entendermos esse mecanismo, vamos nos aprofundar um pouco o sentido das coisas. Vamos falar do aspecto psicológico que nos faz desferir a espada contra nós mesmos. Muitos dos processos psicológicos, senão, a grande maioria, é inconsciente. Entenda inconsciência como uma parte da psique onde fica depositado todo material psíquico que nos causa dor e sofrimento. É claro, que o ser humano em condições normais, deseja ter distância desses aspectos que lhe incomodam e lhe trazem mal-estar, porém quando eles não são levados à luz da consciência vão se tornando como bomba relógio interna.(por exemplo, somatizações). São aspectos de nossa própria personalidade que não são reconhecidos por nós. Diríamos que eles estão na sombra, aparentemente esquecidos e recalcados dentro de nós, porém seus efeitos podem se fazer sentir no nosso corpo físico e no emocional. Essa parte de nós é aquela que não queremos olhar e reconhecer como nossas, pois acreditamos que elas sejam negativas. Vejamos algumas das características que não reconhecemos em nós: medo, orgulho, arrogância, vergonha, inveja, ciúmes, competição, incapacidade de lidar com as perdas, insucesso, mesquinhez, etc. Percebam que identificamos cada uma delas nos nossos pares, amigos, parentes próximos, chefes, vizinhos, mas em nós, não. O PROBLEMA É DO OUTRO e nós acabamos no papel de vítima desse complô....Se em algum momento de sua vida, isso já lhe aconteceu, esteja certo de uma coisa. "Só reconhecemos no outro, aquilo que também é nosso!!". Por isso, nos incomodamos tanto com o comportamento do outro. Na verdade, o outro é o espelho de nós mesmos.
Dentro de nós, existe "muitos eus". Sendo assim, revelá-los diante de nós mesmos, exige uma postura de amadurecimento e responsabilidade.
Se nessa altura do campeonato, enquanto lê o texto, você for invadido por um sono repentino, observe, pode ser um processo de auto-sabotagem.
Falar e ouvir sobre aquilo que nos incomoda causa desconforto, e aí, lançamos mão, de alguns mecanismos de defesa, tais como: adiar, adormecer, negar, racionalizar, fingir que não é conosco para não termos que lidar com isso. Isso ocorre de tal forma, que mantemos velada a percepção de quem realmente somos. Mantemos - nos na mesmice como se o assunto não fosse direcionado para nós. E juramos, que mesmo assim, queremos mudanças.
O desejo de mudar não implica necessariamente em mudança efetiva de comportamentos e atitudes. Mudança é o resultado da tomada de consciência + a ação. Se ficamos em cima do muro (comportamento de auto-sabotagem, por exemplo) continuamos "empurrando com a barriga", nos iludindo com meias verdades ou meias mentiras. Esse espaço é o espaço do tanto faz e da indiferença e ficamos submetidos a distorção, ou seja, vemos aquilo que queremos ver e não o que precisamos ver. Nossa percepção fica enfraquecida e nos transformamos em meros espectadores da vida ou nos achamos vítimas da nossa própria estória de vida.
Por isso, o trabalho de psicoterapia faz com que o indivíduo se aproxime daquilo que ele mais teme. Mas, isto é por um bom motivo. Para que possamos crescer, amadurecer e florescer emocional e espiritualmente falando. Só assim, poderemos ser verdadeiros agentes de mudança em nossas vidas e no mundo.
Para que o Nosso Mundo melhore é necessário, o conjunto de tomada de consciência individual.Quanto mais indivíduos conscientes e responsáveis temos, mais essa ação se reverbera no Todo. E o Todo agradeçe.

Rosemeire Trindade Menoita
Psicóloga Clínica

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